segunda-feira, 15 de abril de 2013
O café esfriou. O cigarro apagou. O jornal de ontem
já não importa mais. Já que hoje as coisas estão assim, a vida corre. Um
minuto aqui feliz, depois como num borrão tudo se esvai com as fumaças
do trem que passa com pressa à direita. Todos têm seus destinos, suas
obrigações. Não têm tempo a perder. Corre aqui, corre ali, sem parar. E
enquanto esse mar de gente se afoga por todos os lados em seus próprios
compromissos, eu me encontro aqui. Afundando, mergulhando sem querer.
Pois no meio dessa multidão louca, encontrei alguém com sua própria
loucura que por mais louco que pareça, encaixou-se perfeitamente com a
minha. E agora você me deixou, foi-se. Abandonou-me aqui, pedindo pra eu
seguir. Mas não me disse como fazer isso. Olha só que louco isso, amar
alguém e não poder pertencer, não poder estar ao lado. Será essa a maior
loucura do mundo? O amor não correspondido? Que maluquice sem fim.
Pessoas que se amam devem ficar juntas, para sempre. Ainda mais quando
se encontram em meio a tantos rostos sem face e se enxergam. Enxergam-se
os olhos um do outro, vê-se o sorriso e analisa cada detalhe do rosto.
Não só vê, como sente, como ama cada detalhe. Que loucura. Amar alguém,
amar cada centimento de um certo alguém e não ter esse alguém pra ser
seu. A vida continua? O mundo continua girando? Isso é fato. Mas entre
todas as loucuras do mundo, a pior loucura é a incompreendida. Eu te amo
e não posso te ter. Absurdo? Talvez. Mas não posso te obrigar a aceitar
a minha loucura. Não posso brotar amor no seu coração pra colher o seu
carinho amanhã. Esse mundo é louco. Sentimentos se instalam dentro de
nós e não há ferro que passe, não há palavras que confortem, não há
britadeiras que perfurem e muito menos borracha que apague. Se eu amo,
eu amo. Do meu jeito torto, ciumento, louco, doido, sem fim. Mas eu amo.
Mas você já não está mais aqui pra ouvir tudo isso. Você se foi, eu
fiquei. E tudo é uma mancha de tinta. Tudo perdeu a graça. Assim como o
café, minha vida esfriou. Assim como o cigarro, o brilho se apagou.
Lembra? Daquele brilho que costumava existir aqui nesses olhos que te
olharam com ternura e amor tantas. tantas vezes? Foi-se. Com você. Está
aí, guardado no seu bolso. Assim como o amor que você tinha por mim, que
você decidiu colocar no bolso de trás da calça jeans surrada, e deixar
pra depois. Pra pensar depois. Pra me querer depois. Quando tudo o que
eu desejo é o agora, o amanhã, o sempre, ao seu lado, meu único e louco
amor.
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